Larissa Bello compôs o Júri da Crítica do 16º For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero com Eric Magda e Rodrigo Passolargo
Quando um festival de cinema consegue abarcar de maneira tão abrangente e profunda a proposta de sua temática, quem sai ganhando é o público. E é justamente esse o diferencial do For Rainbow. A cada edição o festival demonstra que está focado em mergulhar cada vez mais na questão da diversidade sexual e de gênero, de maneira extremamente cuidadosa e responsável.
Após um período político econômico tão desastroso, que atingiu tantas áreas do nosso país, graças a um projeto de total descaso do então presidente Jair Bolsonaro, o festival ganhou mais ainda um caráter de resistência diante tantos boicotes à cultura, principalmente junto a comunidade LGBTQIA+. Na edição de 2022, a curadoria do festival escolheu filmes de diversas partes do mundo, inclusive de países em que a homossexualidade e a transexualidade são consideradas crimes ou proibitivas. Isso fica explícito no curta-metragem documentário de Burkina Faso, “Lute Pela Sua Liberdade”.
A questão de gênero também foi um destaque especial para esta edição, que contou com filmes de diferentes linguagens, desde um um viés mais didático, como “Um Pedaço do Mundo”, de Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes e Wislan Esmeraldo; passando por um que constrói a narrativa, de maneira um tanto quanto equivocada, ao acompanhar o processo de transição, como se fosse preciso seguir um manual, para ser uma pessoa um menino trans, em “Germino Pétalas no Asfalto”; até o lindo retrato poético da artista indigna não binaria no filme “UÝRA – A Retomada da Floresta”.
Fazer parte do júri de um festival como o For Rainbow é saborear reflexões acerca de questões pertinentes e latentes de uma sociedade que é, ao mesmo tempo, diversa, plural, e que ainda tanto precisa ressignificar seus conceitos e olhares. Vida longa ao For Rainbow!