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  • Daniel Victor

Top Gun: Maverick (2022): nostalgia vs. modernidade

Texto publicado por Daniel Victor no site Clube Cinema

Há dois elementos que chamam atenção, tanto na abertura, como na sequência inicial de Top Gun: Maverick: nostalgia e elementos técnicos (fotografia, som e montagem). Tais bases irão guiar toda a trama, e juntas, o passado e a técnica vão dando espaço ao frescor de novidade a uma franquia onde original se passa 33 anos atrás. Some isso a constante discussão que se dá, em várias camadas, entre o embate da “Tradição vs. Modernidade.”


A direção de Joseph Kosinski (que já havia trabalhado com Cruise na ficção-científica, Oblivion), a fotografia de Claudio Miranda, o design sonoro de Mark Agostino e a montagem de Eddie Hamilton são dignos de disputarem prêmios em festivais e premiações. É impressionante vermos os atores pilotarem os caças (F-18) e enfrentarem a “Força G” de verdade. Mesmo com óbvios efeitos visuais e especiais, é praticamente impossível notar alguma interferência.


A trilha sonora de Lorne Balfe evoca o original e os dias atuais. Uma pena que a música tema Hold My Hand de Lady Gaga seja tão mal utilizada no filme, e creio eu que não terá a mesmo impacto de Take My Breath Away, da banda Berlin, que marcou uma geração, além de ganhar um Oscar de canção original.


"Nunca lançaria Top Gun diretamente para o Streaming”, respondeu Tom Cruise em uma entrevista. Uma decisão acertada de segurar o longa para ser saboreado na telona. Mas isso somente evidencia a camada presente no próprio longa, ou mesmo fora dele: a tal “Tradição vs. Modernidade”, seja em drones substituindo pilotos, efeitos práticos vs. efeitos especiais, Cinema vs. Streamings.


Narrativamente, o filme explora bem a nostalgia para criar possibilidades, espelhando temas e beats narrativos do clássico sem parecer repetitivo. Como por exemplo a cena da praia, que agora tem um sentido completamente diferente, para além de emular o original. Isso só confirma que essa continuação tem elementos novos a dizer, e não é somente um simples caça níquel para explorar os fãs dos anos 1980.


Personagens antigos voltam à trama e provocam momentos tocantes, como a cena de Kilmer e Cruise. O interesse romântico do nosso protagonista, Penny (Jennifer Connelly) é mais bem desenvolvido do que o romance com Charlie (Kelly McGillis) do original, que infelizmente sequer foi chamada para continuação (um velho problema que Hollywood ainda possui com atrizes mais velhas). E apesar do novo longa se chamar Maverick, existe sim espaço para novos personagens. Os pilotos tem cada um uma personalidade característica e são relevantes para a trama. Em especial o piloto Bradley “Rooster” (Miles Teler), que é filho de Goose (Anthony Edwards), parceiro de Maverick do original, onde o conflito entre os dois é inevitável.


Porém, é no terceiro ato que temos o ápice da adrenalina. É interessante e até mesmo corajoso o caminho que o roteiro toma, pois em certos momentos, eu achei que a história caminhava para caminhos “errados”. Mesmo que as soluções pareçam clichês, funcionam muito bem, pois evocam no grau certo a junção de nostalgia e ação.


Top Gun: Maverick é uma continuação em que se propõe a alinhar nostalgia e ação palpável. Tom Cruise mostra mais uma vez que sabe escolher seus projetos, e sua “loucura” em trazer um Cinema mais próximo do real, somente beneficia o espectador.

 

Daniel Victor trabalha como Crítico de Cinema desde 2016, e é formado em Cinema e Audiovisual. Atualmente colabora com o site Clube Cinema

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