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Meio Ano-Luz (2021): o tempo e espaço no cinema contemporâneo

  • Foto do escritor: Thiago Henrique Sena
    Thiago Henrique Sena
  • 11 de jul. de 2022
  • 2 min de leitura

Crítica por Thiago Henrique Sena

Meio Ano-Luz (2021), de Leonardo Mouramateus, é um dos representantes do estado do Ceará da 21º Goiânia Mostra Curtas. Classificado como experimental, esse traço é marcante em toda obra do realizador, um registro da linguagem do cinema contemporâneo. Embora haja uma história sendo contada, o filme busca subterfúgios para se distanciar de uma forma tida como convencional de se fazer cinema.


O principal aspecto do filme que salta aos olhos, e já presente em outras obras do seu diretor, a exemplo de A Festa e os Cães (2015), é a maneira como o artista trabalha a montagem, sobretudo no aspecto tempo e espaço. A narração se passa em um tempo narrativo, enquanto as imagens em outro, havendo menção a um tempo ainda mais antigo. Algo como presente, pretérito e pretérito mais-que-perfeito. A história se mistura e há uma quebra de expectativa sobre seu andamento à medida que o tempo passa. Inclusive, há de se destacar o trabalho de montagem desse filme, que permite uma imersão e uma tentativa, nem sempre com sucesso, de se buscar um sentido ou sentimento óbvio. Por falar em sentimento, o filme é bastante cuidadoso e tem um tom muito íntimo, mesmo que algumas vezes melancólico.


O filme se passa em Lisboa mais especificamente em uma travessa, o diretor é um dos próprios protagonistas e o filme adquire, junto ao tom experimental, aspectos de autobiografia. Essa característica, como já foi dito, é comum ao diretor. Contudo, diferente de outros trabalhos, esse para mim apresenta um distanciamento. Não é questão de ser bom ou ruim, mas de como o filme causa sentimentos nos espectadores, ou de como uma obra artística é pensada e recebida pelo público. O fato de se passar na capital portuguesa e cotidianamente não ter relação com minha realidade acaba distanciando o filme para mim. Não é um demérito técnico ou artístico. Na contramão disso, temos do mesmo diretor o filme A Festa e os Cães que tem o mesmo caráter experimental e que à mim chegou muito mais forte, talvez por conhecer a cidade, os locais e as pessoas e isso ter um peso narrativo para mim.


Meio Ano-Luz (2021) é um filme tecnicamente bem elaborado, situado dentro da estética contemporânea do cinema, no qual se busca muito mais uma experimentação da linguagem, com destaque para a utilização do tempo e do espaço narrativos por meio da montagem. Nesse sentido, é louvável o filme do jovem realizador cearense que desbravou e desbrava terras lusitanas, mas em mim fica o sentimento de saudade das imagens que foram produzidas em terras alencarinas.

 

Thiago Henrique Sena é formado em Letras e em Cinema pela UFC. Possui experiência nas áreas de crítica cinematográfica, realização e roteirização. Escreve para o site Só Mais Uma Coisa sobre cinema e jogos. É vice-presidente da Associação Cearense de Críticos de Cinema – Aceccine

 
 
 

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