"Fole" venceu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Som, Melhor Fotografia e Melhor Interpretação Masculina na Mostra Seridó do 4º Curta Caicó.
Se existe algo que caracteriza mais um povo é a maneira como lida com música, tornando-se única para sua terra mesmo com instrumentos que atravessam continentes. Assim, até breve, discorre o som da sanfona no curta Fole, do diretor e historiador Lourival Andrade.
Para quem conhece Lourival e seus trabalhos - seja como professor da UFRN ou no audiovisual - espera sempre sua ótica como interpreta o universo nordestino e suas raízes. E fez na partilha de visões ao ter no elenco nomes como o alumioso Seu Mané do Fole e o Mestre Emanuel Bonequeiro.
Em Fole, a relação sertaneja de um pai e filho entre os bonecos de mamulengo e o som de seu acordeon rege a trama. É um passeio breve sobre o sopro da vida dentro do escudo ético tão defendido pelo professor Frederico Pernambucano de Mello. Mesmo que seu filme se encaminhe para algo dentro do espectro da moral sertaneja, antecede suas faces: o escultor, o dançarino, o cozinheiro, o manipulador de bonecos. Seus vinte minutos apresenta seu próprio escudo em forma de roleta que se movimenta ao som do sanfoneiro.
Na sanfona, quem sopra para fabricar o som é o fole. O sanfoneiro puxa e solta em ondas, tal qual é a vida: um sopro que pede ligeiramente pelo próximo fôlego.
Um fôlego onde a Caetana espera cessar.
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