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CANTO | o tempo, para além do seu aspecto reduzido

  • Foto do escritor: Daniel Araújo
    Daniel Araújo
  • 10 de out.
  • 2 min de leitura

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É como se fosse um "filme pela metade", no melhor sentido dos termos. No controle de uma narrativa de começo, meio e fim, Danilo Daher sabe exatamente que tipo de estória quer contar.


Penso que na dinâmica do curta-metragem em si, o tempo, para além do seu aspecto reduzido, conserva uma base de aproveitamento quase absoluto, seja nos termos daquilo o que o conceito, tema, ideia do filme anima, em si, seja no nível da forma e na precisão com que os planos acabam dando conta de toda uma premissa de decupagem exata daquilo o que precisa estar em cena, do que precisa ser e quadrado.


Sem apelar para uma abordagem melodramática genérica ou mesmo para um modelo pseudo estetizante, Daher foca no que interessa nos limites da representação daquela estória.


Enquanto Débora participa de uma entrevista de emprego, o filho pequeno fica em casa sem que, para isso, se precise fazer toda uma situação hiper dramatizada a respeito do contexto.


Essa redução no coeficiente dramático, a propósito, é um dos mais potentes elementos que o cinema brasileiro contemporâneo pode lançar mão e que garante, além de uma sobriedade super bem-vinda às obras, garante a preservação de um caráter de sofisticação e maturidade às produções, mesmo.


Lembrei, nesse ponto, do trabalho de Laís Araujo com Infantaria (2022), para mim, disparadamente um dos melhores filmes brasileiros feito nessa década.


Portanto, falamos de curta-metragens que, promissoramente, apontam perspectivas de um futuro onde o cinema feito, aqui, pode, verdadeiramente, ser levado a sério.


E digo isso tendo visto o filme do Daher numa mesma sessão conjunta com o novo filme do Kleber Mendonça Filho. Ou seja, na comparação, o curta goiano faz em 20 minutos o que o representante brasileiro no Oscar 2026 não consegue com suas cerca de duas horas e trinta e cinco minutos. Essa é a questão.

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