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Rafael Menezes

Han Solo: Uma História Star Wars (2018), de Ron Howard


Como uma estratégia para lucrar o máximo possível com a galáxia muito, muito distante, a Disney criou o selo "Uma História Star Wars". A ideia era produzir filmes desconectados da nova trilogia e o que se pensou inicialmente é que seriam histórias realmente independentes, mas até agora só vemos produções que funcionam como prequelas para "Star Wars: Uma Nova Esperança". Assim, acaba de chegar aos cinemas um longa todo focado na vida pregressa de Han Solo, o piloto contrabandista imortalizado por Harrison Ford.

A história começa em Corellia, um planeta que faz parte do Império, mas que é de fato controlado pela criminalidade. Han é um vigarista que trabalha para um dos sindicatos do crime que comandam o local, mas sonha em fugir junto com sua amada Qi'ra. O plano improvisado acaba não saindo conforme o casal desejava e Han vai sozinho, depois de se alistar como aspirante a piloto imperial, momento em que ganha seu sobrenome, mas prometendo que voltaria para buscar Qi'ra.

O longa salta 3 anos no tempo e mostra Solo como um soldado inconsequente tentando se envolver em algum esquema ilegal encabeçado por Tobias Beckett, um criminoso vivido brilhantemente por Woody Harrelson. Beckett não acredita nas capacidades dele e acaba por entregá-lo aos oficiais. Han Solo é jogado então na jaula de um monstro, para ser devorado, e é aí que somos apresentados a Chewbacca. Os dois se entendem e Han improvisa um plano de fuga, correndo em seguida em direção a equipe de Beckett que está de partida numa nave. Assim, Han e Chewie entram para o time de criminosos. A partir daí vemos a relação de Han Solo e Chewbacca sendo construída, assim como a relação de ambos com Lando Calrissian, antigo proprietário da nave mais famosa da história do cinema, a Millenium Falcon.

O filme não é muito inspirado ou inspirador. Medíocre é o adjetivo mais apropriado para a produção comandada por Ron Howard, que entrou já com o trem em movimento e acabou refazendo boa parte do que já estava pronto, garantido o crédito solitário na direção. Apesar disso, "Han Solo: Uma História Star Wars" não chega a ser decepcionante, como foi "Rogue One: Uma História Star Wars". Alden Ehrenreich não é nenhum Harrison Ford, mas parece não assumir o peso que isso poderia trazer e faz o seu Han Solo com carisma e leveza.

Donald Glover claramente se diverte como a encarnação mais jovem de Lando Calrissian e consegue passar o mesmo charme que Billy Dee Williams imprimiu ao personagem. Joonas Suotamo já havia se tornado o Chewie oficial desde "Star Wars: Os Últimos Jedi" e pode dar vazão a uma performance mais física do wookie que ainda não usa sua clássica bowcaster e acaba apelando para os punhos com frequência.

Fora os velhos conhecidos, somos apresentados a um excelente rol de novos de personagens. L3, a droid de personalidade feminina revolucionária, Qi'ra, que está longe de ser uma princesa indefesa, e Val, braço direito de Beckett, engrossam as fileiras de personagens femininas poderosas no ideário de Star Wars. Tobias Beckett se mostra um verdadeiro mestre para Han Solo e um personagem que tem tudo para figurar dentre os favoritos dos fãs da galáxia muito, muito distante. Dryden Vos é um vilão interessante, mas sua função principal é servir de porta-voz do mestre oculto da organização criminosa conhecida como Aurora Escarlate. Por fim, Enfys Nest e seu bando de saqueadores adicionam uma camada muito boa ao roteiro e se mostram uma grata surpresa dentro da mitologia criada por George Lucas.

Tecnicamente o longa é competente; nem mais, nem menos. Ron Howard dirige sem imprimir qualquer personalidade. A trilha sonora, a exceção do tema de Enfys Nest que é muito bom, também se contenta em cumprir seu papel. O roteiro é redondo e funciona bem como uma história genérica de assalto, utilizando, obviamente, a carga emotiva de se passar no universo de Star Wars. Alguns momentos são dignos de nota, por fazerem parte do imaginário dos fãs, como Han Solo pilotando a Millenium Falcon na famosa corrida de Kessel em 12 parsecs.

Um dos problemas do filme é que Han acaba sendo coadjuvante do próprio filme, uma vez que quase todos com quem ele contracena parecem mais interessantes. Mas se levarmos em consideração que estamos vendo um Han Solo em formação, não chega a ser tão grande o incômodo. No fim das contas, "Han Solo: Uma História Star Wars" é um filme que acrescenta pouco ou nada a franquia, mas cumpre com o papel de divertir. Poderia ser muito mais, poderia ser realmente memorável, mas se rendeu à comodidade e entregou uma história que não se arriscou em ir além.

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