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David Arrais

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (2016), de Peter Berg


No ano de 2010, um incêndio em uma plataforma de petróleo no Golfo do México provocou o maior acidente ecológico da história dos Estados Unidos. Mais de duzentos milhões de litros de petróleo foram lançados ao mar, causando danos quase irreversíveis até hoje. O fato ocorreu na plataforma Deepwater Horizon (Horizonte Profundo), controlada pela empresa britânica British Petroleum. Hoje, o diretor Peter Berg, do ótimo “O Grande Herói”, traz às telas do cinema essa história incrível, roteirizada por Matthew Michael Carnahan e Matthew Sand.

O filme tem como personagem principal o perfurador Mike Williams (Mark Wahlberg) que reencontra seu antigo parceiro Jimmy Harrel (Kurt Russel), chefe da manutenção da plataforma, além de outros companheiros, antigos e novos, como O`Bryan (James DuMont), Landry (Douglas M. Griffin), Sims (Joe Chrest) e Andrea Fleytas (Gina Rodriguez). Lá, ele também conhece o executivo da BP, Vidrine (John Malkovich).

O roteiro de Sand e Carnahan é bastante enxuto, seguindo uma estrutura quase protocolar: primeiro conhecemos o protagonista e sua família, para estabelecer uma conexão com o público e nos preocuparmos com o que vai lhe acontecer; Depois conhecemos seus amigos e suas relações pessoais e profissionais, para em seguida conhecer os antagonistas, os “malvados executivos das multinacionais gananciosas”. Apesar da simplicidade, o texto atinge seu objetivo com sucesso, uma vez que rapidamente simpatizamos com aqueles personagens.

Daí em diante, acontece algo parecido com o que se viu em “Vôo United 93”: contamos os minutos até que ocorra o incidente e todas as suas repercussões. A sequência em que todos os testes no oleoduto são realizados é extremamente tensa por conta disso. A partir do momento em que a corrente de eventos se inicia, a projeção é imediatamente tomada por sequências e mais sequências incrivelmente bem conduzidas.

As equipes técnicas realizam um trabalho de um realismo quase documental. A começar pela fotografia, que explora planos fechados, para enfatizar os sentimentos desesperados dos personagens e faz um excelente uso do contraste do preto com as labaredas que consomem a plataforma no terceiro ato. Da mesma forma, os efeitos visuais e sonoros são o grande destaque do longa. Desde os estrondos ensurdecedores e o sibilar dos vazamentos de tubulações até as impressionantes explosões e demais danos às estruturas da plataforma. A montagem também desempenha um trabalho eficiente, uma vez que mantém o ritmo da história, com boa alternância entre momentos pessoais e grandiosos.

Não é exagero dizer que o elenco fica quase em segundo plano, dada a dimensão da tragédia que ocorreu e o interesse do diretor em toda a pirotecnia envolvida (algo que ele também realiza com competência exemplar). Ainda assim, John Malkovich, Mark Whalberg e, pasme, Kurt Russel, tem grandes momentos.

Apesar da trama simples (bem diferente de simplória), “Horizonte Profundo” é um relato interessante, que evita tomar partido ou idéias de valor quanto a identificar culpados, apenas contar a história do ponto de vista daqueles envolvidos na tragédia.

Publicado pelo autor no site Cinema com Rapadura.

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